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Grande Muralha da China

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(Redirecionado de Muralha da China)

Muralha da China 

A Muralha da China.

Tipo Maior estrutura militar de defesa.
Critérios I, II, III, IV, VI
Referência 438
Região Ásia e Oceania
País  China
Coordenadas 40°21'16"N, 116°00'23"E
Histórico de inscrição
Inscrição 1987

Nome usado na lista do Património Mundial

  Região segundo a classificação pela UNESCO

A Grande Muralha da China (chinês tradicional: 萬里長城, chinês simplificado: 万里长城, pinyin: Wànlǐ Chángchéng, literalmente "muro de dez mil li de comprimento") é uma série de fortificações na China. Elas foram construídas ao longo das fronteiras históricas do norte dos antigos estados chineses e da China Imperial como proteção contra vários grupos nômades da Estepe Euroasiática. As primeiras muralhas datam do século VII a.C.; estas foram unidas na dinastia Qin.[1][2] Dinastias sucessivas expandiram o sistema de muralhas; as seções mais conhecidas foram construídas pela dinastia Ming (1368–1644).

Para auxiliar na defesa, a Grande Muralha utilizou atalaias, quartéis de tropas, estações de guarnição, capacidades de sinalização por meio de fumaça ou fogo e seu status como um corredor de transporte. Outros propósitos da Grande Muralha incluíram controles de fronteira (permitindo o controle da imigração e emigração e a imposição de taxas sobre mercadorias transportadas ao longo da Rota da Seda) e a regulamentação do comércio.[3]

As fortificações coletivas que constituem a Grande Muralha se estendem de Liautum, no leste, até o Lago Lop, no oeste, e da atual fronteira sino-russa, no norte, até o Rio Tao, no sul: um arco que delineia aproximadamente a borda da estepe mongol, abrangendo 21.196,18 km (13.170,70 mi) no total.[4][5] É um Património Mundial e foi eleito uma das novas sete maravilhas do mundo em 2007.[6][7] Hoje, o sistema defensivo da Grande Muralha é reconhecido como um dos feitos arquitetônicos mais impressionantes da história.[8]

História

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Mapa de todas as muralhas construídas durante a história
Mapa de localização atual dos trechos da muralha

Durante muito tempo pensou-se que a Grande Muralha fora construída para proteger o Império Chinês contra a ameaça de invasão por tribos vizinhas. Na verdade, porém, o Império Qin não corria qualquer perigo em relação às tribos do norte quando a muralha começou a ser construída.
Apenas os Hsiung-nu se haviam fixado significativamente no território chinês, e mesmo estes pouco resistiram quando o exército de Meng T’ien os expulsou da região de Ordos. A muralha seria uma defesa contra ataques futuros, mas o custo em vidas humanas parece excessivo para uma estrutura que não era uma necessidade imediata.[9]

A ideia da muralha pode ter nascido da obsessão de Shi Huang Di pela segurança e da sua paixão por grandes projetos. Porém, pode ter havido razões mais pragmáticas: a muralha seria um local conveniente para onde enviar os desordeiros e fazê-los trabalhar. A construção da muralha também dava emprego aos milhares de soldados sem trabalho, depois que a formação do império pôs fim à guerra entre os estados. Além disso, logo que a muralha ficasse terminada, teriam de ser colocados soldados em toda a sua extensão, assegurando-se assim que grande parte do exército seria mantida bem longe da capital. As primeiras construções surgiram antes da unificação do império, em 221 a.C. Ao unir sete reinos em um país, o imperador Qin Shihuang (259-210 a.C. - Dinastia Chin) começou a unificar a muralha, aproveitando as inúmeras fortificações construídas por reinos atuais. Com aproximadamente três mil quilômetros de extensão à época, foi ampliada nas dinastias seguintes.[10]

Com a morte do imperador Qin Shihuang, iniciou-se na China um período de agitações políticas e de revoltas, durante o qual os trabalhos na Grande Muralha ficaram paralisados. Com a ascensão da Dinastia Han ao poder, por volta de 206 a.C., reiniciou-se o crescimento chinês e os trabalhos na muralha foram retomados ao longo dos séculos até o seu esplendor na Dinastia Ming, por volta do século XV, quando adquiriu os atuais aspectos e uma extensão de cerca de sete mil quilômetros. Acredita-se que os trabalhos na muralha ocuparam a mão de obra de cerca de um milhão de operários (até 80% teriam perecido durante a sua construção, por causa da má alimentação e do frio), entre soldados, camponeses e prisioneiros.

A magnitude da obra, entretanto, não impediu as incursões de mongóis, xiambeis e outros povos, que ameaçaram o império chinês ao longo de sua história. Por volta do século XVI perdeu a sua função estratégica, vindo a ser abandonada a partir de 1664, com a expansão chinesa na direção norte na Dinastia Qing. No século XX, na década de 1980, Deng Xiaoping deu prioridade à Grande Muralha como símbolo da China, estimulando uma grande campanha de restauração de diversos trechos. Porém, a requalificação do monumento como atração turística sem normas para a sua utilização adequada, aliada à falta de critérios técnicos para a restauração de alguns trechos (como o próximo a Jiayuguan, no Oeste do país, onde foi empregado cimento moderno sobre uma estrutura de pedra argamassada, que levou ao desabamento de uma torre de seiscentos e trinta anos), geraram várias críticas por parte dos preservacionistas, que estimam que cerca de dois terços do total do monumento estejam em ruínas.

Características

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Trecho da muralha em Hebei.
Torres da muralha perto de Pequim.
Final da muralha no Mar de Bohai.
Imagem de satélite de um trecho da muralha.

Extensão

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Estende-se desde o passo de Jiayuguan (província de Gansu), lado oeste, até a foz do rio Yalujiang (província de Liaoning), lado leste. Atravessa o Deserto de Gobi, quatro províncias (Hebei, Shanxi, Shaanxi e Gansu) e duas regiões autônomas (Mongólia e Ningxia).[11]

Em 2012 foi anunciado que a Muralha da China mede 21196 quilômetros na totalidade e aproximadamente 7 metros de altura. Esta medida contempla todas as paredes que foram alguma vez construídas, mesmo as que já não existem.[12]

Estrutura

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Por não se tratar de uma estrutura única, as características da Grande Muralha variam de acordo com a região em que os diferentes trechos estão construídos. Devido a diferenças de materiais, condições de relevo, projetos e técnicas de construção, e mesmo da situação militar vivida por cada dinastia, os trechos da muralha apresentam variações. Perto de Pequim, por exemplo, os muros foram construídos com blocos de pedras de calcário; em outras regiões, podem ser encontrados o granito ou tijolos no aparelho das muralhas; nas regiões mais ocidentais, de desertos, onde os materiais são mais escassos, os muros foram construídos com vários elementos, entre os quais faxina (galhos de plantas enfeixados). Em geral os muros apresentam uma largura média de sete metros na base e de seis metros no topo, alçando-se a uma altura média de sete metros e meio. Segundo anunciaram cientistas chineses em abril de 2009, o comprimento total da muralha é de 8.850 km.[13]

Além dos muros, em posição dominante sobre os terrenos, a muralha compreende ainda elementos como portas, torres de vigilância e fortes. As torres, cujo número é estimado por alguns autores em cerca de quarenta mil, permitiam observar a aproximação e a movimentação do inimigo. As sentinelas que as guarneciam serviam-se de um sistema de comunicações que empregava bandeiras coloridas, sinais de fumo e fogos. De planta quadrada, atingiam até dez metros de altura, divididas internamente. No pavimento inferior podiam ser encontrados alojamentos para os soldados, estábulos para os animais e depósitos de armas e suprimentos. Durante a Dinastia Ming, um sinal de fumaça junto com um tiro significava a aproximação de cem inimigos, dois sinais de fumaça acompanhados de dois tiros eram o alerta para quinhentos inimigos, e três sinais de fumaça com três tiros para mais de mil inimigos [carece de fontes?].

Os fortes guarneciam posições estratégicas, como passos entre as montanhas. Eram dotados de escadas para a infantaria e de rampas para a cavalaria, funcionando como bases de operação. Eram dominados por uma torre de planta quadrada, que se elevava a até doze metros de altura, e defendidos por grandes portões de madeira.

Principais Portas

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Dentre suas passagens mais importantes (關口 simplificado: 关口) destacam-se:

  • Porta Shanhai (山海關)
  • Porta Juyong (居庸關)
  • Porta Niángzi (娘子關)

Patrimônio Mundial

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A Muralha da China após um concurso informal internacional em 2007, foi considerada uma das sete maravilhas do mundo moderno. Em 1986, a China a inscreveu na Lista de Património Mundial da UNESCO, além da Muralha, os Palácios Imperiais das Dinastias Ming e Qing em Pequim e Shenyang, o Sítio do Homem de Pequim em Zhoukoudian, as Grutas de Mogao em Dunhuang, o Exército de Terracota e o Monte Tai. Estas indicações foram formalmente aceitas pelo Comité do Património Mundial em 1987.[14]

Ver também

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Referências

  1. The New York Times with introduction by Sam Tanenhaus (2011). The New York Times Guide to Essential Knowledge: A Desk Reference for the Curious Mind. [S.l.]: St. Martin's Press of Macmillan Publishers. p. 1131. ISBN 978-0-312-64302-7. Beginning as separate sections of fortification around the 7th century B.C.E and unified during the Qin Dynasty in the 3rd century B.C.E, this wall, built of earth and rubble with a facing of brick or stone, runs from east to west across China for over 4,000 miles. 
  2. «Great Wall of China». Encyclopædia Britannica. 21 de outubro de 2023. Large parts of the fortification system date from the 7th through the 4th century BC. In the 3rd century BC Shihuangdi (Qin Shi Huang), the first emperor of a united China (under the Qin dynasty), connected a number of existing defensive walls into a single system. Traditionally, the eastern terminus of the wall was considered to be Shanhai Pass (Shanhaiguan) on the coast of the Bohai (Gulf of Zhili), and the wall's length – without its branches and other secondary sections – was thought to extend for some 6.690 km (4.160 mi). 
  3. Shelach-Lavi, Gideon; Wachtel, Ido; Golan, Dan; Batzorig, Otgonjargal; Amartuvshin, Chunag; Ellenblum, Ronnie; Honeychurch, William (junho de 2020). «Medieval long-wall construction on the Mongolian Steppe during the eleventh to thirteenth centuries AD». Antiquity (em inglês). 94 (375): 724–741. ISSN 0003-598X. doi:10.15184/aqy.2020.51Acessível livremente 
  4. «Great Wall of China even longer than previously thought». Canadian Broadcasting Corporation. 6 de junho de 2012. Consultado em 6 de junho de 2012 
  5. 中国长城保护报告 [Protection Report of the Great Wall of China]. National Cultural Heritage Administration 
  6. Centre, UNESCO World Heritage. «The Great Wall». UNESCO World Heritage Centre (em inglês). Consultado em 6 de janeiro de 2025 
  7. «Great Wall of China». New7Wonders of the World (em inglês). 8 de agosto de 2016. Consultado em 6 de janeiro de 2025 
  8. «Great Wall of China». History. 20 de abril de 2009 
  9. «Construction Material of Great Wall of China, What was the Great Wall of China made of». www.topchinatravel.com. Consultado em 10 de julho de 2018 
  10. Como foi construída a Muralha da China
  11. Guia Geo - China.
  12. «Muralha da China tem afinal 21196 mil quilómetros» 
  13. BBC Brasil - Grande Muralha da China é maior do que se pensava, diz pesquisa página visitada em 21 de abril de 2009.
  14. Instituto Cultural de Macau: Património Mundial

Bibliografia

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Ligações externas

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O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Grande Muralha da China