Jules Michelet
| Jules Michelet | |
|---|---|
Jules Michelet nas telas de Thomas Couture (1815-1879). | |
| Nascimento | 21 de agosto de 1798 |
| Morte | 9 de fevereiro de 1874 (75 anos) |
| Nacionalidade | Francês |
| Ocupação | Filósofo e historiador |
Jules Michelet (Paris, 21 de agosto de 1798 – Paris, 9 de fevereiro de 1874) foi um historiador e filósofo francês.
Biografia
[editar | editar código]Nasceu em Paris, em uma família de tradições huguenotes. Seu pai era mestre-impressor, arruinado pelas restrições de Napoleão contra a imprensa. Jules auxiliou o pai nos trabalhos tipográficos. Recusou um lugar na Tipografia Imperial, preferindo impor-se sacrifícios para estudar no Lycée Charlemagne, onde se destacou. Em 1821, obteve sucesso na agregação das letras e logo foi nomeado professor de História no Collège Rollin. Casou-se em 1824.[1][2][3]
Michelet vivia em um período favorável para eruditos e homens de letras na França, tendo como aliados figuras como Abel-François Villemain e Victor Cousin. Embora influenciado pelo republicanismo de seu pai, destacou-se principalmente como homem de letras e investigador da história. Suas primeiras obras foram manuais escolares, entre eles o Quadro Cronológico da História Moderna de 1453 a 1739 (1825), os Quadros Sincrônicos da História Moderna de 1453 a 1648 (1826) e o Compêndio de História Moderna (1827). No mesmo ano, tornou-se mestre de conferências da École Normale Supérieure.[1][2][3]
Com a ascensão de seus antigos professores François Guizot e Villemain em 1830, foi nomeado para os Arquivos Nacionais da França e tornou-se suplente de Guizot na Sorbonne. Em 1831, publicou a audaciosa Introdução à História Universal, onde expôs sua visão da história como um longo combate da liberdade contra a fatalidade.[1][2][3]
Obras e atuação
[editar | editar código]Logo iniciou sua obra monumental, a História da França, que levaria trinta anos para completar. Entre outras obras importantes, destacam-se:[1][2][3]
- Obras escolhidas de Vico (1835, 2 vols.), tradução da Scienza Nuova de Giambattista Vico;
- Memórias de Lutero, escritas por ele mesmo (1835), tradução e organização;
- Origens do direito francês (1837);
- História Romana: República (1839);
- O Processo dos Templários (1841, 2 vols.).
Essas obras, principalmente as Origens do Direito Francês, foram escritas em primeira pessoa, em estilo conciso e vigoroso. Em 1838, Michelet foi nomeado para a cadeira de História no Collège de France. Com Edgar Quinet, iniciou uma forte polêmica contra os Jesuítas, resultando em obras como Dos Jesuítas (1843), Do Padre, da Mulher e da Família (1844) e O Povo (1845). Sua oposição à Igreja levou à suspensão de seus cursos e ao fim de sua carreira acadêmica.[1][2][3]
Recusou cargos políticos durante a Revolução Francesa de 1848, preferindo dedicar-se à escrita. Continuou sua História da França e publicou a História da Revolução Francesa. Com o golpe de Napoleão III, perdeu seu cargo nos Arquivos por recusar o juramento ao Império.[1][2][3]
Últimos anos
[editar | editar código]No período do Segundo Império Francês, publicou obras de história natural em estilo lírico e moralista, como As Mulheres da Revolução (1854), Os Pássaros (1856), O Inseto (1857), O Amor (1859), A Mulher (1860), O Mar (1861), A Montanha (1868) e A Bruxa (1862). Sua obra buscava a alma dos fatos e também da natureza, influenciando o romantismo republicano francês.[1][2][3]
Em 1867, concluiu a História da França, em 19 volumes. Foi talvez o primeiro historiador a escrever uma história vívida e popular da Idade Média, marcada por rigor nas fontes e forte imaginação literária. Sua última grande obra, sobre o século XIX, ficou inacabada; Michelet morreu trabalhando em sua mesa, tendo completado até a Batalha de Waterloo. Obras póstumas como O Banquete (1878) e Os Soldados da Revolução foram publicadas posteriormente.[1][2][3]
Legado
[editar | editar código]Michelet foi pioneiro ao aproximar a história do grande público, popularizando figuras como Joana d’Arc, a quem retratou como heroína nacional contra a apropriação política e religiosa. Sua escrita, apaixonada e pessoal, combinou erudição com forte viés político e literário, tornando-o um dos maiores historiadores franceses do século XIX.[1][2][3]
Morte
[editar | editar código]Morreu em 1874 e foi sepultado no Cemitério do Père-Lachaise, em Paris.
Bibliografia
[editar | editar código]- Faguet, Émile. Les Origines du droit français (edição póstuma, 1890).
- Monod, Gabriel. Jules Michelet: Études sur sa vie et ses œuvres. Paris, 1905.
Obras
[editar | editar código]- História da França, Tomo I, Livros I e II (até 970 d.C.), 1833, tradução de Luiz Fernando Serra Moura Correia, Rio de Janeiro, 2013, ISBN 978-85-915812-1-4. Livro eletrônico disponível em amazon.com.br.
- História da França, Tomo II, Livros III e IV (anos 970 a 1270), 1833, tradução de Luiz Fernando Serra Moura Correia, Rio de Janeiro, 2014, ISBN 978-85-915812-2-1. Livro eletrônico disponível em amazon.com.br.
- História da França, Tomo III, Livros V e VI (anos 1270 a 1380), 1837, tradução de Luiz Fernando Serra Moura Correia, Rio de Janeiro, 2014, ISBN 978-85-915812-4-5. Livro eletrônico disponível em amazon.com.br.
- História da França, Tomo IV, Livros VII, VIII e IX (anos 1380 a 1422), 1840, tradução de Luiz Fernando Serra Moura Correia, Rio de Janeiro, 2014, ISBN 978-85-915812-5-2. Livro eletrônico disponível em amazon.com.br.
- Obras escolhidas de Vico (1835, em 2 volumes), tradução de Scienza Nuova de Giambattista Vico de 1744;
- as Memórias de Lutero escritas por ele mesmo, que Michelet traduziu e pôs em ordem (1835);
- as Origens do direito francês (1837);
- História romana: república (1839);
- O Processo dos Templiers (1841), segundo volume em 1851;
- Dos jesuítas, em colaboração com Edgar Quinet; 1843;
- Do padre, da mulher e da família; 1844;
- O povo. 1845;
- A feiticeira (La sorcière). 1862.
Referências
- ↑ a b c d e f g h i Burrows, Toby. "Michelet in English". Bulletin (Bibliographical Society of Australia and New Zealand) 16.1 (1992): 23+. online Arquivado em 2016-10-02 no Wayback Machine; reviews all the translations into English.
- ↑ a b c d e f g h i Gossman, Lionel. "Jules Michelet and Romantic Historiography" in Scribner's European Writers, eds. Jacques Barzun and George Stade (New York: Charles Scribner's Sons, 1985), vol. 5, 571–606.
- ↑ a b c d e f g h i Kippur, Stephen A. Jules Michelet: A Study of Mind and Sensibility (State University of New York Press, 1981).
Fontes
[editar | editar código]- Furet, François; Ozouf, Mona (1989). A Critical Dictionary of the French Revolution. [S.l.]: Harvard UP. pp. 981–90. ISBN 9780674177284
- Gossman, Lionel. "Michelet and Natural History: The Alibi of Nature" in Proceedings of the American Philosophical Society, vol. 145 (2001), 283–333.
- Haac, Oscar A. Jules Michelet (Boston: Twayne Publishers, 1982).
- Johnson, Douglas. Michelet and the French Revolution (Oxford: Clarendon Press, 1990).
- Rigney, Ann. The Rhetoric of Historical Representation: Three Narrative Histories of the French Revolution (Cambridge University Press, 2002). Covers Alphonse de Lamartine, Jules Michelet and Louis Blanc.

